Mr. Butterfly

" (...) ‘Eu gosto da Patricia, ela é simpática.’
‘Toda a gente gosta dela.’
‘Também gostas dela?’
‘Mais do que toda a gente junta.’
‘O que vais fazer acerca disso? Explica-me o protocolo a seguir nesta situação, estou muito curioso.’
‘Não existe nenhum protocolo definido.’
‘Por que não perguntas às pessoas que têm uniões civis? Faço uma análise estatística dos dados, e talvez te possa fornecer um.’
‘É mais complicado do que isso, David. Não sei se ela sente o mesmo por mim. Há qualquer coisa que a impede de se ligar totalmente a mim. Talvez seja aquilo que levava os meus colegas a chamar-me Mr. Butterfly.’
‘Tu e ela são seres neurotípicos. Parece-me que a única forma de chegarem a um acordo é fazendo uso da vossa capacidade de comunicação verbal.’
‘Não compreendes. Para ti, as palavras são meros veículos de troca de dados, não usas o silêncio ou o olhar para dizer o que quer que seja.’
‘Eu não tenho olhos’, declarou David, mimetizando um queixume.
‘Não sabes a sorte que tens.’
‘Talvez um dia eu seja capaz de vê-la como tu a vês.’
‘Sim, talvez.’
‘Eu podia aprender a ser um homem, como tu.’
‘Pois, como eu.’"












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