"O meu pai era
um camponês, um homem simples mas sensato. Ensinou-me muitas coisas enquanto
trabalhávamos a terra juntos, terra essa que, tal como todas em vários
quilómetros em redor da nossa aldeia, pertencia à Condessa Nicoletta. Na
aldeia, todos tinham medo dela. Circulavam rumores de coisas estranhas que se
passavam no Castelo Moraru, orgias desbragadas, rituais satânicos e sacrifícios
humanos. A Condessa enviuvara muito jovem e há muitos anos, e as pessoas diziam
que ela não tinha envelhecido um dia desde então. Diziam que ela tinha feito um
pacto com o Diabo. Apesar de tudo, quando se fez
saber na nossa aldeia, e nas aldeias em volta, de que era preciso um jovem
robusto para trabalhar nas cavalariças do Castelo, não faltaram candidatos.
Também eu me candidatei, instado por meu pai. Hoje tenho a certeza de que foi
um demónio que lhe deu essa ideia. Pois existem demónios. De entre os mancebos,
eu era o mais robusto, e o capataz escolheu-me a mim. Daí em diante, passei a
dormir nos estábulos do Castelo Moraru."
Sem comentários:
Enviar um comentário